Uma vida de vícios

 Uma vida de vicios



"Hoje, com 46 anos, depois de altos e baixos, grandes períodos de sobriedade e alguns de busca por estar puro, inclusive internado em clínica, pude fazer uma reflexão mais profunda sobre o motivo de ter vivido minha vida em busca de ser quem eu não sou. Sempre me faltava algo; nunca estava plenamente feliz, só com os efeitos das mais variadas drogas. Pelo que li, existem várias explicações e uma delas se destacou em meus estudos, que é o TDAH. Sempre pensei diferente das pessoas, sempre questionei coisas bobas, sempre contei azulejos e via um mundo cartesiano, queria explicações para tudo. Mas nos frustramos por sermos meros humanos limitados e por vivermos em um pálido ponto azul.


Essas frustrações mexiam comigo e me deixavam inquieto e questionador. E essas frustrações tiravam minha humanidade, meu sorriso pela vida, e as drogas me deixavam 'normal', um ser humano imbecil que apenas vive a vida inerte e instintiva, sem ver com profundidade.


Pensava que era viciado em álcool. Aff, besteira, nunca fui. Sempre fui viciado em me tornar imbecil, em rir com piadas de times de futebol ao invés de contemplar o espaço. Vício em cocaína nunca tive; era apenas mais do mesmo, me anestesiar. Vício em sexo, idem. Vício em Ritalina, idem.


Hoje, por minha família, procuro ficar o tempo todo sóbrio, pois a parte humana que ainda me resta é o amor pela minha filha, e esse não posso perder. Esse é o recado do DNA de cuidar da prole que ainda não perdi e não vou perder, pois se perder isso, seguirei a regra de Isaac Asimov."

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